A assimetria facial é uma alteração caracterizada pela presença de uma desarmonia entre os dois lados da face, no qual um deles apresenta um desequilíbrio em relação ao outro.
Ela pode ser evidenciada quando, por exemplo, um lado da maxila é mais desenvolvido que o outro ou quando os dentes não estão posicionados simetricamente entre si.
“A face humana possui uma assimetria aceitável, que apresenta uma disparidade pequena e dentro dos padrões de beleza, por isso nem sempre é notada. Ao olharmos no espelho, o que vemos é o nosso formato natural, aquele que já estamos acostumados, e que geralmente não nos traz nenhum incômodo; muitos só se dão conta dessa assimetria caso precisem realizar algum procedimento na face, e então essa informação é trazida ao paciente”, explica a fisioterapeuta dermatofuncional Ana Carolina Cavichia Rego Martão.
Embora em muitos casos seja considerada normal e praticamente imperceptível, a gravidade depende de como o problema afeta a saúde e a qualidade de vida. Em circunstâncias mais severas, os problemas estéticos e funcionais associados à assimetria facial podem influenciar negativamente o desenvolvimento orofacial, nutricional e psicossocial, entre outros, por isso, necessitam de atenção e cuidados específicos, que podem variar desde procedimentos menos invasivos a intervenções cirúrgicas.
Causas
Algumas pessoas podem ter assimetrias faciais por diferentes motivos, e as causas geralmente são genéticas, adquiridas ou devido a fatores de crescimento. Em muitos casos envolve apenas a herança dos traços familiares, mas existem outras anormalidades congênitas que podem causar características assimétricas, que nem sempre são herdadas, como lábio leporino ou fenda palatina em recém-nascidos.
Fatores relacionados ao crescimento incluem alterações no correto desenvolvimento ósseo, mordida cruzada, uso de próteses, extração de dentes, pressão facial constante durante o sono somente de um lado e hábitos orais prejudiciais como mastigar apenas de um lado da boca, assim como chupar chupeta ou os dedos na infância. Já as condições adquiridas incluem trauma facial, fraturas, infecção ou anquilose da ATM (articulação temporomandibular), entre outras.
“Durante a fase das trocas dos dentes decíduos (também conhecidos como dentes de leite) pelos permanentes, pode ocorrer atraso e/ou perda precoce, e quando isto ocorre, pode levar a uma alteração vertical do plano dos dentes e, consequentemente, a uma alteração da posição da mandíbula”, explica o dentista Alcides Gomes Júnior, especialista em ortodontia.
Tratamentos
Existem diferentes opções de tratamento para assimetria facial e os resultados obtidos dependem da idade do paciente, da região afetada e da causa do problema, uma vez que nem todas as condições são iguais ou requerem o mesmo tipo de intervenção. Se a assimetria for apenas devido a um problema dentário relacionado à colocação inadequada dos dentes, o tratamento ortodôntico é um procedimento menos invasivo que pode ser suficiente para corrigir a aparência assimétrica indesejada. Esse é um dos principais motivos pelo qual planejar um tratamento durante a infância é muito mais conservador e simples de fazer do que na idade adulta, quando o problema possivelmente já agravou.
Segundo o dentista Alcides Gomes Júnior, especialista em ortodontia, a prevenção, principalmente na infância, é a melhor forma de evitar a assimetria facial. “O diagnóstico precoce associado a uma intervenção ao problema com uso do aparelho dentário não deixará evoluir para quadros clínicos mais graves, por isso, é importante levar as crianças ao dentista para consulta de rotina. Com os avanços tecnológicos atuais, os aparelhos ortodônticos além de serem mais eficientes, eficazes e confortáveis, permitem que o tempo de tratamento seja muito mais rápido”, alerta.
Existem casos em que o tratamento ortodôntico isolado não é suficiente e necessitam de outros profissionais e intervenções. Quando a causa é devido a um problema esquelético na mandíbula ou maxila, a correção é por meio de cirurgia ortognática seguida de tratamento ortodôntico. “A cirurgia ortognática é indicada quando os padrões de crescimento facial são maiores que os padrões de normalidade, alterando não só a estética, mas também a oclusão ideal, dificultando a mastigação dos alimentos”, esclarece o dentista Alcides Gomes Júnior.
Procedimentos dermatológicos
A fisioterapeuta dermatofuncional Ana Carolina Cavichia Rego Martão destaca que atualmente os tratamentos para assimetria facial são diversos, dos mais invasivos como cirurgias plásticas e próteses faciais, aos menos invasivos como o lifting facial sem cirurgia com ultrassom microfocado, que estimula a produção de colágeno de dentro para fora, sem a necessidade de cortes ou agulhas, promovendo a firmeza e sustentação da pele. Dentre os principais tratamentos disponíveis, o uso da toxina botulínica (botox), por exemplo, é indicado em casos específicos, como em pacientes que apresentam um dos olhos mais aberto que o outro, sobrancelha caída ou que precisam da correção do contorno da mandíbula.
“A toxina botulínica é aplicada em áreas específicas para reduzir a movimentação muscular e deixar o rosto mais simétrico; já o uso do ácido hialurônico associado aos fios de sustentação é indicado para assimetrias causadas por diferenças na musculatura e na pele, para devolver firmeza e volume, preenchendo espaços e ajudando a definir contornos. A durabilidade desses tratamentos é variável, pois depende da quantidade de ativo a ser aplicada, a localização, a escolha do profissional e a necessidade do paciente. Em média, é possível ter uma variação temporal de seis meses no caso da toxina botulínica, por exemplo, e até dois anos com o ácido hialurônico reticulado”, explica.